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Meu primeiro contato com este texto
ocorreu em 16/12/2009, às 11.18 hs!
Após o devido tempo [de instrução da obra],
e o publiquei por link a 18/04/2014, em En 99.3!
É o 4º de uma sequência de 18, dirigidos pelo Espírito Santo na Páscoa de 2014 ,
a partir da descrição dos 18 da Torre [ressurretos pela Graça - Lc 13 é parábola ;
ide e lede : por 3 vezes é citado 'dezoito', e refere-se à forma com que os justos
- digo : os que mantêm o testemunho de Cristo [Hb 11.37-40] -
são julgados e execrados pelo mundo, tido por 'enfermos / loucos'].
O texto abaixo encontra-se intacto, assim como está na Net.
O mantenho, sem alterações no 'prólogo', pela parábola 38 :
O EVANGELHO DE PEDRO
Os livros apócrifos da Bíblia são uma
importante e complementar fonte de informação e conhecimento, acrescentando
preciosos esclarecimentos às Sagradas Escrituras, principalmente naquilo que se
refere à vida de Jesus Cristo entre os oito e os trinta anos.
Os livros apócrifos da Bíblia são uma
importante e complementar fonte de informação e conhecimento, acrescentando
preciosos esclarecimentos às Sagradas Escrituras, principalmente naquilo que se
refere à vida de Jesus Cristo entre os oito e os trinta anos.
A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO PEDRO
Este é considerado o quinto Evangelho,
escrito por Pedro, segundo relatos feitos por Nossa Senhora. Publicado pela
primeira vez em 1677, conta com versões em grego, latim, armênio e árabe.
Muita gente se indaga ainda hoje porque os
Evangelhos da Bíblia não falam da infância e juventude de Cristo. Isso tem
provocado inúmeras especulações, inclusive algumas que citam que o Mestre
exilou-se junto aos monges do Tibete ou conviveu com os essênios, com cujos
mestres instruiu-se. Admitir isso é negar a divindade de Cristo, pois se ele
precisou de um mestre, seria mais lógico que, hoje em dia, adorássemos o seu
mestre e não ele, o aprendiz. Isso fica bem claro nas passagens XLVIII e XLIX.
Nesta narrativa, há maiores detalhes sobre
o encontro de Jesus com os sábios, no templo de Jerusalém, além de suas
brincadeiras com as outras crianças e seu trabalho na companhia de José.
Nas notas de rodapé, apresentamos trechos
do Evangelho Armênio da Infância, uma versão ampliada do Evangelho da Infância,
onde algumas passagens extras esclarecem momentos importantes da vida de Jesus.
Esses livros foram considerados apócrifos pela Igreja, isto é, sem a inspiração
divina, e excluídos dos textos originais que formaram, ao longo do tempo, a
atual Bíblia. Quais foram os critérios utilizados para selecionar os livros
inspirados divinamente foi algo que até hoje a Igreja não explicou de modo convincente.
O que se sabe é que há relatos sobre a infância de Cristo, sobre a Natividade,
sobre São José e outras, que não são aceitas como textos sagrados, muito embora
contenham narrativas que completam diversas lacunas nos textos considerados
sagrados.
O Evangelho da Infância mostra, de modo
sensível e belo, o que foi a infância de Nosso Senhor Jesus Cristo, que desde a
mais tenra idade já manifestava sua santidade. É um texto que encanta pela sua
beleza, pela singeleza e pelas situações que retratam, onde o Cristo surge como
a criança que foi, muito embora sua divindade o levasse a gestos inusitados,
mas marcados pela sabedoria precoce e pela coerência de seus atos.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo, Deus único.
Com o auxílio e a ajuda do Deus todo
poderoso, começamos a escrever o livro dos milagres de nosso Salvador, Mestre e
Senhor Jesus Cristo, que se intitula o Evangelho da Infância, conforme narrado
por Maria, sua mãe, na paz do Nosso Senhor e Salvador. Que assim seja.
I.
Palavras de Jesus no Berço
Encontramos no livro do grande sacerdote
Josefo que viveu no tempo de Jesus Cristo, e que alguns chamam de Caifás, que
Jesus falou quando estava no berço e que disse a sua mãe Maria:
- Eu, que nasci de ti, sou Jesus, o filho
de Deus, o Verbo, como te anunciou o anjo Gabriel, e meu Pai me enviou para a
salvação do mundo.
II.
Viagem a Belém
No ano de 309 da era de Alexandre, Augusto
ordenara que todos fossem recenseados em sua cidade natal. José partiu, então,
conduzindo Maria, sua esposa. Vieram a Jerusalém, de onde se dirigiram a Belém
para inscreverem-se no local onde ele havia nascido. Quando estavam próximos a
uma caverna, Maria disse a José que sua hora havia chegado e que não poderia ir
até a cidade.
- Entremos nesta caverna - disse ela.
O sol estava começando a se pôr. José
apressou-se em procurar uma mulher que assistisse Maria no parto e encontrou
uma anciã que vinha de Jerusalém.
Saudando-a, disse-lhe:
- Entra na caverna onde encontrarás uma
mulher em trabalho de parto.
III.
A Parteira de Jerusalém
Após o pôr-do-sol, José chegou com a anciã
à caverna e eles entraram. Eis que a caverna estava resplandecendo com uma
claridade que superava a de uma infinidade de labaredas e brilhava mais do que
o sol do meio-dia. A criança, enrolada em fraldas e deitada numa manjedoura,
mamava no seio da mãe. Ambos ficaram surpresos com o aspecto daquela claridade
e a anciã disse a Maria:
- És tu a mãe desta criança?
Ao responder afirmativamente Maria,
disse-lhe:
- Não és semelhante às filhas de Eva.
Respondeu Maria respondeu:
- Assim como entre as crianças dos homens
não há nenhuma que seja semelhante ao meu filho, assim também sua mãe não tem
par entre todas as mulheres.
A anciã disse então:
- Senhora e ama, vim para receber uma
recompensa que perdurará para todo o sempre.
Maria lhe disse, então:
- Põe tuas mãos sobre a criança.
Quando a anciã o fez, foi purificada. Ao
sair, ela disse:
- A partir deste momento, eu serei a serva
desta criança e quero consagrar-me a seu serviço, por todos os dias da minha
vida.
IV.
A Adoração dos Pastores
Em seguida, quando os pastores chegaram e
acenderam o fogo, entregando-se à alegria, as cortes celestes apareceram,
louvando e celebrando o Senhor, a caverna parecia-se com um templo augusto,
onde reis celestiais e terrestres celebravam a glória e os louvores de Deus por
causa da natividade do Senhor Jesus Cristo. E esta anciã hebréia, vendo estes
milagres resplandecentes, rendia graças a Deus, dizendo:
- Eu te rendo graças, ó Deus, Deus de
Israel, porque os meus olhos viram a natividade do Salvador do mundo.
V.
A Circuncisão
Quando chegou o tempo da circuncisão, isto
é, o oitavo dia, época na qual o recém-nascido deve ser circuncidado segundo a
lei, eles o circuncidaram na caverna e a velha anciã recolheu o prepúcio e
colocou-o em um vaso de alabastro, cheio de óleo de nardo velho. Como tivesse
um filho que comercializava perfumes, Maria deu-lhe o vaso, dizendo:
- Muito cuidado para não vender este vaso
cheio de perfume de nardo, mesmo que te ofereçam trezentos dinares.
E este é o vaso que Maria, a pecadora,
comprou e derramou sobre a cabeça e sobre os pés de Nosso Senhor Jesus Cristo,
enxugando-os com seus cabelos.
Quando dez dias se haviam passado, eles
levaram a criança para Jerusalém e, ao término da quarentena, eles o
apresentaram no templo do Senhor, oferecendo por ele as oferendas prescritas
pela lei de Moisés, que diz:
- Toda criança do sexo masculino que sair
de sua mãe será chamada o santo de Deus.
VI.
Apresentação no Templo
O velho Simeão viu o menino Jesus
resplandecente de claridade como um facho de luz, quando a Virgem Maria, cheia
de alegria, entrou com ele em seus braços. Uma multidão de anjos rodeava-o,
louvando-o e acompanhando-o, assim como os satélites de honra seguem seu rei.
Simeão, pois, aproximando-se rapidamente de Maria e estendendo suas mãos para
ela, disse ao Senhor Jesus:
- Agora, Senhor, teu servo pode retirar-se
em paz, segundo tua promessa, pois meus olhos viram tua misericórdia e o que
preparaste para a salvação de todas as nações, luz de todos os povos e a glória
de teu povo de Israel.
A profetisa Ana também estava presente,
rendia graças a Deus e celebrava a felicidade de Maria.
VII.
A Adoração dos Magos
Aconteceu que, enquanto o Senhor vinha ao
mundo em Belém, cidade da Judéia, Magos vieram de países do Oriente a
Jerusalém, tal como havia predito Zoroastro, e traziam com eles presentes:
ouro, incenso e mirra. Adoraram a criança e renderam-lhe homenagem com seus
presentes. Então Maria pegou uma das faixas, nas quais a criança estava
envolvida, e deu-a aos magos que receberam-na como uma dádiva de valor
inestimável. Nesta mesma hora, apareceu-lhes um anjo sob a forma de uma estrela
que já lhes havia servido de guia, e eles partiram, seguindo sua luz, até que
estivessem de volta a sua pátria.
VIII. A Chegada Dos Magos à sua Terra
Os reis e os príncipes apressaram-se em se
reunir em torno dos magos, perguntando-lhes o que haviam visto e o que havia
feito, como haviam ido o como haviam voltado e que companheiros eles haviam
tido então durante a viagem. Os magos mostraram-lhes a faixa que Maria lhes
havia dado. Em seguida, celebraram uma festa, acenderam o fogo segundo seus
costumes, adoraram a faixa e a jogaram nas chamas. As chamas envolveram-na.
Ao apagar-se o fogo, eles retiraram o pano
e viram que as chamas não haviam deixado nele nenhum vestígio. Eles se puseram
então a beijá-lo e a colocá-lo sobre suas cabeças e sobre seus olhos, dizendo:
- Eis certamente a verdade! Qual é pois o
preço deste objeto que o fogo não pode nem consumir nem danificar?
E pegando-o, depositaram-no com grande
veneração entre seus tesouros.
IX.
A Cólera de Herodes
Herodes, vendo que os magos não retornavam
a visitá-lo, reuniu os sacerdotes e os doutores e disse-lhes:
- Mostrai-me onde deve nascer o Cristo.
Quando responderam que era em Belém,
cidade da Judéia, Herodes pôs-se a tramar, em seu espírito, o assassinato do
Senhor Jesus. Então um anjo apareceu a José, durante o sono, e disse-lhe:
- Levanta-te, pegue a criança e sua mãe e
foge para o Egito.
Quando o galo cantou, José levantou-se e
partiu.
X.
Fuga para o Egito
Enquanto ele refletia sobre o caminho que
ele devia seguir, a aurora o surpreendeu. A correia da sela se havia rompido ao
se aproximarem de uma grande cidade, onde havia um ídolo, ao qual os outros
ídolos e divindades do Egito rendiam homenagem e ofereciam presentes. Sempre
que Satã falava pela boca do ídolo, os sacerdotes relatavam o que ele dizia aos
habitantes do Egito e de suas margens.
Um sacerdote tinha um filho de trinta anos
que estava possuído por um grande número de demônios. Ele profetizava e anunciava
muitas coisas. Quando os demônios se apossavam dele, rasgavam suas roupas e ele
corria nu pela cidade, jogando pedras nos homens.
A hospedaria dessa cidade ficava perto
deste ídolo. Quando José e Maria lá chegaram e se hospedaram, os habitantes ficaram
profundamente perturbados e todos os príncipes e sacerdotes dos ídolos se
reuniram ao redor desse ídolo, perguntando-lhe:
- De onde vem esta agitação universal e
qual é a causa deste pavor que se apoderou de nossos país?
O ídolo respondeu:
- Esse assombro foi trazido por um Deus
desconhecido, que é o Deus verdadeiro, e ninguém a não ser ele é digno das
honras divinas, pois ele é o verdadeiro Filho de Deus. À sua aproximação, esta
região tremeu. Ela se emocionou e se assombrou e nós sentimos um grande temor
por causa do seu poder.
Neste momento, esse ídolo caiu e
quebrou-se, tal como os outros ídolos que estavam no país. Sua queda fez
acorrerem todos os habitantes do Egito.
XI. A Cura do Menino Endemoninhado
O filho do sacerdote, acometido do mal que
o afligia, entrou no albergue insultando José e Maria, já que os outros
hóspedes haviam fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do Senhor Jesus e as
estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma das fraldas e
colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela
boca, e foram vistos sob a forma de corvos e serpentes. O menino foi curado
instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor que o
havia libertado e rendeu-lhe mil ações de graça.
Quando seu pai viu que ele havia recobrado
a saúde, exclamou, admirado:
- Meu filho, mas o que te aconteceu e como
foste tu curado?"
O filho respondeu:
- No momento em que me atormentavam, eu
entrei na hospedaria e lá encontrei uma mulher de grande beleza, que estava com
uma criança. Ela estendia sobre umas madeiras as fraldas que acabara de lavar.
Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha cabeça e os demônios fugiram
imediatamente e me abandonaram.
O pai, cheio de alegria, exclamou:
- Meu filho, é possível que essa criança
seja o Filho do Deus vivo que criou o céu e a terra e, assim que passou por
nós, o ídolo partiu-se, os simulacros de todos os nossos deuses caíram e uma
força superior à deles destruiu-os.
XII. Os Temores da Sagrada Família
Assim se cumpriu a profecia que diz:
- Chamei o meu filho do Egito.
Quando José e Maria souberam que esse
ídolo se havia quebrado, foram tomados de medo e de espanto e diziam:
- Quando estávamos na terra de Israel, Herodes
queria que Jesus morresse e, com esta intenção, ele ordenou o massacre de todas
as crianças de Belém e das vizinhanças. É de se temer que os egípcios nos
queimem vivos, se eles souberem que esse ídolo caiu.
XIII. Os Salteadores
Eles partiram e passaram nas proximidades
do covil de ladrões, que despojavam de suas roupas e pertences os viajantes que
por ali passavam e, após tê-los amarrado, os arrastavam pelo deserto. Esses
ladrões ouviram um forte ruído, semelhante ao do rei que saiu de sua capital ao
som dos instrumentos musicais, escoltado por grande exército e por uma numerosa
cavalaria. Apavorados, então, deixaram ali todo o seu saque e apressaram-se em
fugir. Os cativos, levantando-se, cortaram as cordas que os prendiam e, tendo
retomado sua bagagem, iam retirar-se, quando viram José e Maria que se
aproximavam e perguntaram-lhes:
- Onde está este rei cujo cortejo, com seu
barulho, assustou os ladrões a ponto de eles terem e nos libertado?
José respondeu:
- Ele nos segue.
XIV. A Endemoninhada
Chegaram em seguida a outra cidade, onde
havia uma mulher endemoninhada. Quando ela ia buscar água no poço durante a
noite, o espírito rebelde e impuro apossava-se dela. Ela não podia suportar
nenhuma roupa, nem morar em uma casa. Todas as vezes que a amarravam com cordas
e correntes, ela as partia e fugia nua para locais desertos. Ficava nas
estradas e perto de sepulturas, perseguindo e apedrejando aqueles que
encontrava no caminho, de forma que ela era, para seus pais, motivo de luto.
Maria viu-a e foi tomada de compaixão.
Imediatamente Satã a deixou e fugiu sob a forma de um jovem rapaz, dizendo:
- Infeliz de mim, por tua causa, Maria, e
por causa do teu filho!
Quando essa mulher foi libertada da causa
de seu tormento, olhou ao seu redor e, corando por sua nudez, procurou seus
pais, evitando encontrar as pessoas. Após haver vestido suas roupas, ela contou
ao seu pai e aos seus o que lhe havia acontecido. Como eles fizessem parte dos
habitantes mais distintos da cidade, hospedaram em sua casa José e Maria,
demonstrando por eles um grande respeito.
XV. A Jovem Muda
No dia seguinte, José e Maria prosseguiram
sua viagem. À noite chegaram a uma cidade onde estava sendo celebrado um
casamento. Mas, em decorrência das ciladas do espírito maligno e dos
encantamentos de alguns feiticeiros, a esposa ficara muda, de forma que ela não
podia mais falar. Quando Maria entrou na cidade, trazendo nos braços o filho, o
Senhor Jesus, aquela que havia perdido o uso da palavra avistou-o e
imediatamente pegou-o em seus braços. Abraçou-o, apertando-o junto ao seu seio
e cobrindo-o de carinho. Imediatamente o laço que travava sua língua partiu-se
e seus ouvidos se abriram. Ela começou a glorificar e a agradecer a Deus que a
havia curado. Naquela noite, houve uma grande alegria entre os habitantes dessa
cidade, pois acreditavam todos que Deus e seus anjos haviam descido no meio
deles.
XVI. Outra Endemoninhada
José e Maria passara três dias nesse
lugar, onde foram recebidos com grande veneração e esplendidamente tratados.
Munidos de provisões para a viagem, partiram dali e chegaram a uma outra
cidade. Como ela era próspera e seus habitantes tinha boa reputação, eles
pernoitaram lá. Havia nessa cidade uma boa mulher. Um dia em que ela havia
descido até o rio para lavar-se, um espírito maldito, assumindo a forma de uma
serpente, havia se jogado sobre e cingido o seu ventre. Todas as noites
estendia-se sobre ela. Quando essa mulher viu Maria e o Senhor Jesus que ela
trazia contra o seio, rogou à Santa Virgem que lhe permitisse segurar e beijar
a criança. Maria consentiu, e assim que a mulher tocou a criança, Satã
abandonou-a e fugiu. Desde então ela não mais o viu. Todos os vizinhos louvaram
o Senhor e a mulher recompensou-os com grande generosidade.
XVII. Uma Leprosa
No dia seguinte, essa mulher preparou água
perfumada para lavar o menino Jesus e após o haver lavado, guardou essa água.
Havia lá uma jovem cujo corpo assava, coberto pela lepra branca. Lavou-se ela
com essa água e foi imediatamente curada. O povo dizia então:
- Não resta dúvida de que José e Maria e
essa criança sejam Deuses, pois eles não podem ser simples mortais.
Quando eles se preparavam para partir,
essa jovem, que havia sido curada da lepra, aproximou-se deles e rogou-lhes que
lhe permitissem acompanhá-los.
XVIII. Um Menino Leproso
Eles consentiram e ela foi com eles.
Chegaram a uma cidade, onde havia o castelo de um poderoso príncipe. Foram até
lá e se hospedaram nele. A jovem, aproximando-se da esposa do príncipe,
encontrou-a triste e chorando. Perguntou-lhe, então, qual a causa daquele
pesar:
- Não te espantes de me ver entregue à
aflição. Estou em meio a uma grande calamidade, que não ouso contar a ninguém.
A jovem tornou:
- Se me confessares qual é teu mal, talvez
encontres remédio junto a mim.
A esposa do príncipe disse-lhe:
- Não revelarás este segredo a ninguém.
Casei-me com um príncipe cujo império, semelhante a um império de um rei,
estende-se por vastos estados e, após haver vivido por muito tempo com ele, ele
não teve de mim nenhum descendente. Finalmente, eu concebi, mas trouxe ao mundo
uma criança leprosa. Após havê-lo visto, ele não quis reconhecê-lo como seu
filho e me disse para matar a criança ou entregá-la a uma ama para que a
criasse num local tão afastado, para que não mais ouvíssemos sobre ela. Além
disso, ele me mandou pegar o que é meu, pois não queria me ver mais. Eis porque
me entrego à dor, deplorando a calamidade que sobre mim se abateu. Choro por
meu marido e por meu filho.
A jovem respondeu-lhe:
- Pois não te disse que eu tenho para ti o
remédio que te havia prometido? Eu também fui atingida pela lepra, mas fui
curada por uma graça de Deus, que é Jesus, o filho de Maria.
A mulher perguntou-lhe, então, onde estava
esse Deus do qual falava. A jovem respondeu-lhe:
- Ele está bem aqui, nesta casa".
Perguntou a princesa:
- Como pode ser isso, onde está ele?
A jovem respondeu:
- Aqui estão José e Maria. A criança que
está com eles é Jesus e foi ele quem me curou dos meus sofrimentos.
- E por que meio pôde ele te curar? Não
vais me contar? - quis saber a princesa.
A jovem explicou:
- Recebi de sua mãe a água na qual ele
havia sido lavado, espalhei-la então sobre meu corpo e minha lepra desapareceu.
A esposa do príncipe ergueu-se, então, e
recebeu José e Maria.
Preparou para José um magnífico festim,
para o qual muitas pessoa foram convidadas. No dia seguinte, ela pegou água
perfumada a fim de lavar o Senhor Jesus e ela lavou, com essa mesma água, o seu
filho, que ela havia trazido consigo, e logo ele se curou da lepra.
Ela se pôs a cantar louvores a Deus e a
render-lhe graças, dizendo-lhe:
- Feliz da mãe que te gerou, ó Jesus! A
água com a qual o teu corpo foi lavado cura os homens que têm tua natureza.
Ela ofereceu presentes a Maria e dela
despediu-se, tratando-a com grande deferência.
XIX. Um Feitiço
Chegaram a outra cidade onde deviam
pernoitar. Foram à casa de um homem recém-casado que, atingido por um
malefício, não podia desfrutar sua esposa. Após haverem eles passado a noite
perto do homem, o encantamento quebrou-se. Quando o dia amanheceu, preparavam-se
para prosseguir a viagem, mas o esposo impediu-os de partir e preparou-lhes um
grande banquete.
XX. A História de um Mulo
No dia seguinte partiram e, ao se
aproximarem de uma outra cidade, viram três mulheres que se afastavam de um
túmulo, a verter em lágrimas. Maria, tendo-as visto, disse à jovem que os
acompanhava:
- Pergunta-lhes quem são elas e qual a
desgraça que se lhes abateu.
Elas não responderam mas puseram-se a
interrogá-la, dizendo:
- Quem sois vós, e para onde ides? Pois o
dia está terminando e a noite se aproxima.
A moça respondeu:
- Somos viajantes e procuramos uma
hospedaria para passar a noite.
As mulheres disseram:
- Acompanhai-nos e passai a noite em nossa
casa.
Eles seguiram essas mulheres e foram
levados a uma casa nova, ornada e decorada por diversos móveis. Era inverno e a
jovem moça, tendo entrado no quarto dessas mulheres, encontrou-as chorando e se
lamentando. Ao lado delas, coberta por uma manta de seda, encontrava-se um mulo
com forragem à sua frente. Elas davam-lhe de comer e o beijavam.
A jovem disse então:
- Ó, minha senhora, como é belo este mulo!
Elas responderam chorando:
- Este mulo que estás vendo é nosso irmão,
que nasceu de nossa mãe. Nosso pai deixou-nos com sua morte grandes riquezas e
nós só tínhamos este irmão, para quem tentávamos encontrar um casamento
conveniente. Porém, mulheres dominadas pelo espírito da inveja, lançaram sobre
ele, sem que soubéssemos, encantamentos. E uma certa noite, um pouco antes do
amanhecer, estando fechadas as portas da nossa casa, encontramos nosso irmão
transformado em mulo, tal qual o vês hoje. Entregamo-nos à tristeza, visto que
não tínhamos mais nosso pai para consolar-nos. Consultamos todos os sábios do mundo,
todos os magos e os feiticeiros, tentamos de tudo, mas nenhum deles nada pôde
fazer por nós. Eis porque sempre que nosso coração está a ponto de explodir de
tristeza. Nós nos levantamos e vamos, junto com a nossa mãe que aqui está, ao
túmulo de meu pai e, após haver chorado, retornamos para cá.
XXI. Volta a Ser Homem
Ao ouvir tal coisas, a jovem disse:
- Tende coragem e parai de chorar, pois a
cura de vossos males está muito próxima, em vossa morada. Eu era leprosa, mas
após haver visto essa mulher e a criança que está com ela e que se chama Jesus,
e após haver derramado sobre meu corpo a água com a qual a sua mãe o havia
lavado, eu me curei. Eu sei que ele pode pôr um fim à vossa desgraça.
Levantai-vos, aproximai-vos de Maria, conduzi-o aos vossos aposentos,
revelai-lhe o segredo que acabais de me contar e suplicai-lhe piedade.
Ao ouvirem tais palavras proferidas pela
jovem, elas se apressaram em ter com Maria. Levaram o multo até o quarto e lhe
disseram, chorando:
- Maria, Nossa Senhora, tem compaixão de
tuas servas, pois nossa família está desprovida de seu chefe e não temos um pai
ou um irmão que nos proteja. Este mulo que aqui vês é nosso irmão. Algumas
mulheres, com seus encantamentos, reduziram-no a este estado. Rogamos-te, pois,
que tenhas piedade de nós.
Maria, comovida e chorando como as
mulheres, ergueu o menino Jesus e colocou-o sobre o dorso do mulo, dizendo:
- Meu filho, cura este mulo através do teu
grande poder e faze com que este homem recobre a razão, da qual foi privado.
Nem bem essas palavras haviam saído dos
lábios de Maria e o mulo já havia retomado a forma humana, mostrando-se sob os
traços de um belo rapaz. Não lhe restava nenhuma deformidade. Ele, sua mãe e
suas irmãs adoraram Maria e, erguendo o menino acima de suas cabeças,
beijaram-no, dizendo:
- Feliz de tua mãe, ó Jesus, Salvador do
mundo! Felizes os olhos que gozam da felicidade da tua presença.
XXII. As Bodas
As duas irmãs disseram à mãe:
- Nosso irmão retomou a forma primitiva,
graças à intervenção do Senhor Jesus e aos bons conselhos dessa jovem, que nos
sugeriu recorrer a Maria e ao seu filho. Agora, já que nosso irmão não está
casado, pensamos que seria conveniente que ele desposasse essa moça.
Após haverem feito este pedido a Maria e
haver ela consentido, fizeram para as bodas preparativos esplêndidos. A dor
transformou-se em alegria e o choro cedeu espaço ao riso. Elas só fizeram
cantar e regozijar-se, enfeitadas com magníficas vestimentas e jóias preciosas.
Ao mesmo tempo, entoavam cânticos de louvor a Deus, dizendo:
- Ó, Jesus, Filho de Deus, que
transformaste nossa aflição em contentamento e nossas lamúrias em gritos de
alegria!
José e Maria lá permaneceram por dez dias.
Ao partirem, receberam demonstrações de veneração de parte de toda a família,
que despediu-se deles chorando muito, principalmente a moça que se desfazia em
lágrimas.
XXIII. Os Salteadores
Chegaram, em seguida, a um deserto. Como
lhes haviam dito que era infestado de ladrões, prepararam-se para atravessá-lo
durante a noite. Eis que, de repente, avistaram dois ladrões que dormiam e,
perto deles, muitos outros ladrões, seus companheiros, que também estavam
entregues ao sono. Esses dois ladrões chamavam-se Titus e Dumachus.
O primeiro disse ao outro:
- Eu te peço que deixes estes viajantes
irem em paz, para que nossos companheiros não os vejam.
Tendo Dumachus recusado, Titus disse-lhe:
- Dou-te quarenta dracmas e fica com meu
cinto como penhor.
Deu-lhe o cinto e, ao mesmo tempo, pediu
que não desse alarme. Maria, vendo esse ladrão tão disposto a serví-los,
disse-lhe:
- Que Deus te proteja com sua mão direita
e que ele te conceda a remissão de teus pecados".
O Senhor Jesus disse a Maria:
- Daqui a trinta anos, ó minha mãe, os
judeus me crucificarão em Jerusalém e estes dois ladrões serão postos na cruz
ao meu lado: Titus à minha direita e Dumachus à minha esquerda. Neste dia,
Titus me precederá no Paraíso.
Quando ele assim falou, sua mãe
respondeu-lhe:
- Que Deus afaste de ti semelhante
desgraça, ó meu filho!
Foram dar, em seguida, em uma cidade,
cheia de ídolos. Quando eles se aproximavam, ela foi transformada em um monte
de areia.
XXIV. A Sagrada Família em Mataréia
Foram ter, em seguida, a um sicômoro, que
chamam hoje de Mataréia, e o Senhor Jesus fez surgir neste lugar uma fonte,
onde Maria lavou sua túnica. O bálsamo que produz esse país vem do suor que
escorreu pelos membros de Jesus.
XXV. A Sagrada Família em Mênfis
Foram então a Mênfis e, tendo visitado o
faraó, permaneceram três anos no Egito, onde o Senhor Jesus fez muitos
milagres, que não estão consignados nem no Evangelho da Infância, nem no
Evangelho Completo.
XXVI. volta para Nazaré
Depois de três anos, eles deixaram o Egito
e voltaram para a Judéia. Quando já estavam próximos, José teve medo de entrar
lá, porque acabara de saber que Herodes estava morto e que seu filho Arquelaus
havia lhe sucedido. Um anjo de Deus apareceu-lhe, porém, e disse-lhe:
- José, vai para a cidade de Nazaré e
estabelece ali tua residência.
XXVII. A Peste em Belém
Quando chegaram a Belém, havia uma
proliferação de doenças graves e difíceis de serem curadas, que atacavam os
olhos das crianças e lhes causavam a morte. Uma mulher, que tinha um filho
atacado por esse mal, levou-o a Maria e encontrou-a banhando o Senhor Jesus.
A mulher disse-lhe:
- Maria, vê meu filho que sofre
cruelmente.
Maria, ouvindo-a, disse-lhe:
- Pegue um pouco desta água com a qual eu
lavei meu filho e espalha-a sobre o teu.
A mulher fez como lhe havia recomendado
Maria e seu filho, depois de uma forte agitação, adormeceu. Quando acordou,
estava completamente curado.
A mulher, cheia de alegria, foi até Maria,
que lhe disse:
- Rende graças a Deus por ele haver curado
o teu filho.
XXVIII. Outro Menino Agonizante
Essa mulher tinha uma vizinha cujo filho
fora atingido pela mesma doença e cujos olhos estavam quase fechados. Ele
gritava e chorava noite e dia. Aquela cujo filho havia sido curado disse-lhe:
- Por que não levas teu filho a Maria,
como eu fiz, quando o meu estava prestes a morrer e ele foi curado pela água do
banho de Jesus?
A mulher foi pegar também daquela água e,
assim que ela derramou sobre seu filho, ele foi curado. Levou então seu filho
em perfeita saúde para Maria, que lhe recomendou que rendesse graças a Deus e
que não contasse a ninguém o que havia acontecido.
XXIX. O Menino no Forno
Havia na mesma cidade duas mulheres
casadas com um mesmo homem e cada uma delas tinha um filho doente. Uma se
chamava Maria e seu filho, Cleofás. Essa mulher levou seu filho a Maria, mãe de
Jesus, e ofereceu uma bela toalha, dizendo-lhe:
- Maria, recebe de mim essa toalha e, em
troca, dá-me uma das tuas fraldas.
Maria consentiu e a mãe de Cleofás
confeccionou, com essa fralda, uma túnica, com a qual vestiu seu filho. Ele
ficou curado e o filho de sua rival morreu no mesmo dia, o que causou profundo
ressentimento entre essas duas mulheres.
Elas se encarregavam, em semanas
alternadas, dos trabalhos caseiros e, um dia em que era vez de Maria, a mãe de
Cleofás, ela estava ocupada aquecendo o forno para assar pão. Precisando de
farinha, deixou seu filho perto do forno. Sua rival, vendo que a criança estava
sozinha, pegou-a e jogou-a no forno em brasa e fugiu. Maria retornou logo em
seguida, mas qual não foi o seu espanto, quando ela viu seu filho no meio do
forno, rindo, pois ele havia subitamente esfriado, como se jamais houvesse sido
aquecido. Ela suspeitou que sua rival o havia jogado ali. Tirou-o de lá,
levou-o até a Virgem Maria e contou-lhe o que havia acontecido.
Maria disse-lhe:
- Cala-te, pois eu receio por ti se
divulgares tais coisas!
Em seguida, a rival foi buscar água no
poço e, vendo Cleofás brincando e percebendo que não havia ninguém por perto,
pegou a criança e jogou-a no poço. Alguns homens que haviam vindo para tirar
água viram a criança sentada na água, sem nenhum ferimento, e por meio de cordas
tiraram-na de lá. Ficaram tão admirados com essa criança que renderam-lhe as
mesmas homenagens devidas a um Deus.
Sua mãe, chorando, carregou-o até Maria e
disse-lhe:
- Minha senhora, vê o que minha rival fez
ao meu filho, jogando-o no poço. Ah, ela acabará, por certo, causando-lhe a
morte!
Maria respondeu-lhe:
- Deus punirá o mal que te foi feito.
Alguns dias depois, a rival foi buscar
água no poço e seus pés enroscaram-se na corda e ela caiu nele. Quando
acorreram, acharam-na com a cabeça partida. Ela morreu, portanto, de uma forma
funesta.
A palavra do sábio se cumpre em si:
- Cavaram um poço e jogaram a terra em
cima, mas caíram no poço que eles mesmos haviam preparado.
XXX. Um Futuro Apóstolo
Uma outra mulher da mesma cidade tinha
dois filhos, os dois doentes. Um morreu e o outro estava agonizando. Sua mãe
tomou-o nos braços e levou-o até Maria.
Aos prantos, disse-lhe:
- Minha senhora, vem em meu auxílio e tem
piedade de mim. Eu tinha dois filhos, acabo de perder um e vejo o outro a ponto
de morrer. Imploro a misericórdia do Senhor.
E pôs-se a gritar:
- Senhor, tu és pleno em clemência e
compaixão! Tu me deste dois filhos, me levaste um deles, pelo menos deixa-me o
outro.
Maria, testemunha da sua extrema dor,
sentiu pena e disse-lhe:
- Coloca teu filho na cama de meu filho e
cobre-o com suas roupas.
Quando a criança foi colocada na cama, ao
lado de Jesus, seus olhos já cerrados pela morte abriram-se e, chamando sua mãe
em voz alta, pediu-lhe pão. Quando lhe deram, comeu-o.
Então sua mãe disse:
- Maria, eu sei que a virtude de Deus
habita em ti, a ponto de teu filho curar as crianças que o tocam.
A criança que assim foi curada é o mesmo
Bartolomeu se quem se fala no Evangelho.
XXXI. Uma Leprosa
Havia ainda no mesmo lugar uma leprosa que
foi ter com Maria, mãe de Jesus, dizendo-lhe:
- Minha senhora, tem piedade de mim".
Maria quis saber:
- Que ajuda pedes tu? Queres ouro, prata
ou queres te curar da lepra?
A mulher respondeu:
- Que podes fazer por mim?"
Maria disse:
- Espera um pouco, até que eu tenha
banhado e posto meu filho na cama.
A mulher esperou e Maria, após o haver
deitado, estendeu à mulher um vaso cheio de água do banho do seu filho e
disse-lhe:
- Pega um pouco desta água e espalha-a
sobre o teu corpo.
Assim que a doente obedeceu, curou-se e
ela rendeu graças a Deus.
XXXII. Outra Leprosa
Ela partiu em seguida, após haver
permanecido três dias junto de Maria, e foi para uma cidade onde morava um
príncipe, que havia desposado a filha de um outro príncipe. Quando ele viu sua
esposa, porém, percebeu entre seus olhos as marcas da lepra sob a forma de uma
estrela e o seu casamento foi declarado nulo e não válido.
Essa mulher, vendo o desespero da
princesa, perguntou-lhe a causa dessas lágrimas.
A princesa respondeu-lhe:
- Não me interrogues, pois a minha
desgraça é tanta que eu não posso revelá-la a ninguém.
A mulher insistia em saber, dizendo que
talvez conhecesse algum remédio.
Ela viu então as marcas da lepra entre os
olhos da princesa.
- Eu também fui atingida por essa doença.
Fui a Belém para tratar de negócios e lá entrei numa caverna onde vi uma mulher
chamada Maria. Ela carregava uma criança que se chamava Jesus. Vendo-me
atingida pela lepra, ela teve pena de mim e me deu um pouco da água na qual
havia lavado o corpo de seu filho. Eu espalhei essa água sobre meu corpo e fui
imediatamente curada.
A princesa disse-lhe então:
- Levanta-te, vem comigo e mostra-me
Maria.
Ela foi, levando ricos presentes. Quando
Maria a viu, disse:
- Que a misericórdia do Senhor Jesus
esteja sobre ti.
Ela lhe deu um pouco da água na qual havia
lavado seu filho. Assim que a princesa espalhou-a sobre o próprio corpo, ela se
viu curada e rendeu graças ao Senhor, assim como todos os que ali estavam.
O príncipe, ao saber que sua esposa havia
sido curada, recebeu-a, celebrou um segundo casamento, e rendeu graças a Deus.
XXXIII. Uma Jovem Endemoninhada
Havia, no mesmo lugar, uma jovem que Satã
atormentava. O espírito maldito aparecia-lhe sob a forma de um dragão, que
queria devorá-la. Ele já havia sugado todo o sangue, de maneira que ela se
parecia com um cadáver. Todas as vezes em que ele se jogava sobre ela, ela
gritava e, juntando as mãos sobre a cabeça, dizia:
- Desgraça, desgraça de mim, pois não
existe ninguém que possa livrar-me deste horrível dragão. Seu pai, sua mãe e
todos aqueles que a cercavam, testemunhas de sua infelicidade, entregavam-se à
aflição e derramavam lágrimas, principalmente quando a viam chorar e gritar:
- Irmãos e amigos, não existirá ninguém
que possa libertar-me deste monstro?
A princesa, que havia sido curada da
lepra, ouvindo a voz dessa infeliz, subiu até o telhado de seu castelo e viu-a
com as mãos unidas acima da cabeça, a verter copiosas lágrimas. Todos aqueles
que a rodeavam estavam desolados.
Ela perguntou se a mãe dessa possuída
vivia ainda. Quando lhe responderam que o seu pai e sua mãe estavam ambos
vivos, ela disse:
- Tragam sua mãe até mim.
Quando esta chegou, ela lhe perguntou:
- É tua filha que está assim possuída?
A mãe, tendo respondido que sim, chorou,
mas a princesa disse-lhe:
- Não revela o que vou te contar. Eu já
fui uma leprosa, mas Maria, a mãe de Jesus Cristo, me curou. Se queres que tua
filha tenha a mesma felicidade, leva-a a Belém e implora com fé a ajuda de
Maria. Eu creio que voltarás cheia de alegria, trazendo tua filha curada.
Imediatamente a mãe levantou-se e partiu.
Foi procurar Maria e expôs-lhe o estado de sua filha. Maria, após tê-la ouvido,
deu-lhe um pouco da água, na qual ela havia lavado seu filho Jesus, e disse-lhe
para derramá-la sobre o corpo da possuída.
Em seguida deu-lhe uma fralda do menino
Jesus, acrescentando:
- Pega isto e mostra-o a teu inimigo,
todas as vezes em que o vir.
Dizendo isso, despediu-as com suas
bênçãos.
XXXIV. Outra Possessa
Após haver deixado Maria, elas retornaram
à sua cidade. Quando veio o tempo no qual Satã costumava atormentá-la, ele lhe
apareceu sob a forma de um grande dragão. Ao ver a sua aparência, a jovem foi
tomada pelo pavor, mas sua mãe disse-lhe:
- Não temas, minha filha! Deixa que ele se
aproxime mais de ti e mostre-lhe esta fralda que nos deu Maria e veremos o que
ele poderá fazer.
Quando o espírito maligno, que havia
tomado a forma de um dragão, estava bem perto, a doente, tremendo de medo,
colocou sobre sua cabeça a fralda e desdobrou-a. De repente, dela saíram chamas
que se dirigiam à cabeça e aos olhos do dragão.
Ouviu-se, então, uma voz que gritava:
- Que há entre ti e mim, ó Jesus, filho de
Maria? Onde encontrarei um abrigo que me livre de ti?
Satã fugiu apavorado, abandonando essa
jovem e nunca mais apareceu. Ela se viu curada e, grata, rendeu graças a Deus,
assim como todos os que haviam presenciado esse milagre.
XXXV. Judas Iscariotes
Havia nessa mesma cidade uma outra mulher
cujo filho era atormentado por Satã. Ele se chamava Judas e sempre que o
espírito maligno apoderava-se dele, ele tentava morder todos os que estavam à
sua volta. Se estivesse sozinho, mordia suas próprias mãos e membros. A mãe
desse infeliz, ouvindo falar de Maria e de seu filho Jesus, foi com seu filho
nos braços até Maria.
Nesse meio tempo, Tiago e José haviam
trazido o menino Jesus para fora da casa, para que pudesse brincar com as
outras crianças. Eles estavam sentados fora da casa e Jesus com eles. Judas
aproximou-se também e sentou-se à direita de Jesus e, quando Satã começou a
agitá-lo como sempre o fazia, ele tentou morder Jesus. Como não podia
alcançá-lo, dava-lhe socos no lado direito, de forma que Jesus começou a
chorar. Nesse momento, entretanto, Satã saiu dessa criança sob a forma de um
cão enraivecido.
Essa criança era Judas Iscariotes, que
mais tarde trairia Jesus. O lado em que ele havia batido foi o lado que os
judeus trespassaram com a lança.
XXXVI. AS Estatuazinhas de Barro
Quando o Senhor Jesus havia completado o
seu sétimo ano, ele brincava um dia com outras crianças de sua idade. Para
divertir-se, eles faziam com terra molhada diversas imagens de animais, de
lobos, de asnos, de pássaros, cada um elogiando seu próprio trabalho e
esforçando-se para que fosse melhor que o de seus companheiros. Então o Senhor
Jesus disse para as crianças:
- Ordenarei às figuras que eu fiz que
andem e elas andarão.
As crianças perguntaram-lhe se ele era o
filho do Criador e o Senhor Jesus ordenou às imagens que andassem e elas
imediatamente andaram. Quando ele mandava voltar, elas voltavam. Ele havia
feito figuras de pássaros que voavam, quando ele ordenava que voassem, e que
paravam, quando ele dizia para parar. Quando ele lhes dava bebida e comida,
eles comiam e bebiam.
Quando as crianças foram embora e contaram
aos seus pais o que haviam visto, eles disseram:
- Fugi, daqui em diante, de sua companhia,
pois ele é um feiticeiro! Deixai de brincar com ele!
XXXVII. As Cores do Tintureiro
Certo dia, quando brincava e corria com
outras crianças, o Senhor Jesus passou em frente à loja de um tintureiro, que
se chamava Salém. Havia nessa loja tecidos que pertenciam a um grande número de
habitantes da cidade e que Salém se preparava para tingir de várias cores.
Tendo Jesus entrado na loja, pegou todas as fazenda e jogou-as na caldeira.
Salém virou-se e, vendo todas as fazendas perdidas, pôs-se a gritar e a
repreender Jesus, dizendo:
- Que fizeste tu, ó filho de Maria?
Prejudicaste a mim e a meus cidadãos. Cada um pediu uma cor diferente e tu
apareceste e puseste tudo a perder.
O Senhor Jesus respondeu:
- Qualquer fazenda que queiras mudar a
cor, eu mudo.
Ele se pôs a retirar as fazendas da
caldeira e cada uma estava tingida da cor que desejava o tintureiro. Os judeus,
testemunhando esse milagre, celebraram o poder de Deus.
XXXVIII. Jesus na Carpintaria
José ia por toda a cidade, levando com ele
o Senhor Jesus. Chamavam-no para que fizesse portas, arcas e catres e o Senhor
Jesus estava sempre com ele. E sempre que a obra de José precisava ser mais
comprida ou mais curta, mais larga ou mais estreita, o Senhor Jesus estendia a
mão e ela ficava exatamente do jeito que queria José, de forma que ele não
precisava retocar nada com sua própria mão, pois ele não era muito hábil no
ofício de marceneiro.
XXXIX. Uma Encomenda do Rei
Um dia, o rei de Jerusalém mandou chamá-lo
e disse:
- Eu quero, José, que me faças um trono
segundo as dimensões do lugar onde costumo sentar-me. José obedeceu e, pondo
mãos à obra, passou dois anos no palácio para elaborar esse trono.
Quando ele foi colocado no lugar onde
deveria ficar, perceberam que de cada lado faltavam dois palmos à medida
fixada.
Então o rei ficou bravo com José, que
temendo a raiva do monarca, não conseguiu comer e deitou-se em jejum.
O Senhor perguntou-lhe qual era a causa do
seu receio e ele respondeu:
- É que a obra na qual trabalhei durante
dois anos está perdida.
O Senhor Jesus respondeu-lhe:
- Não tenhas medo e não percas a coragem.
Pegue este lado do trono e eu o outro, para que possamos dar-lhe a medida
exata.
José fez o que havia lhe pedido o Senhor
Jesus e cada um puxou para um lado. O trono obedeceu e ficou exatamente com a
dimensão desejada.
Os assistentes, vendo esse milagre,
ficaram estupefatos e deram graças a Deus.
Esse trono fora feito com uma madeira do
tempo de Salomão, filho de Davi, e que era notável por seus nós, que
representavam várias formas de figuras.
XL. Os Meninos
Num outro dia, o Senhor Jesus foi até a
praça e vendo as crianças que se haviam reunido para brincar, juntou-se a elas.
Essas, tendo-o visto, esconderam-se e o Senhor Jesus foi até uma casa e
perguntou às mulheres que estavam à porta, onde as crianças haviam ido. Como
elas responderam que não havia nenhuma delas na casa, o Senhor Jesus
disse-lhes:
- Que vocês estão vendo sob este arco?
Elas responderam que eram carneiros com
três anos de idade e o Senhor Jesus gritou:
- Saí, carneiros, e vinde em direção ao
vosso pastor.
Imediatamente as crianças saíram,
transformadas em carneiros, e saltavam ao seu redor.
As mulheres, tendo visto isso, foram
tomadas de pavor e adoraram o Senhor Jesus, dizendo:
- Jesus, filho de Maria, nosso Senhor, tu
és verdadeiramente o bom Pastor de Israel. Tem piedade de tuas servas que estão
em tua presença e que não duvidam, Senhor, que tu vieste para curar e não para
perder.
O Senhor respondeu que as crianças de
Israel estavam entre os povos como os Etíopes.
As mulheres disseram:
- Senhor, conheces as coisas e nada escapa
à tua infinita sabedoria. Pedimos e esperamos a tua misericórdia. Devolve a
essas crianças sua antiga forma.
O Senhor Jesus disse, então:
- Vinde, crianças, para que possamos
brincar.
Imediatamente, na presença das mulheres,
os carneiros retomaram a aparência de crianças.
XLI. Jesus Rei
No mês do Adar, Jesus reuniu as crianças e
colocou-se como o seu rei. Elas haviam estendido suas roupas no chão para
fazê-lo sentar-se sobre elas e haviam colocado sobre sua cabeça uma coroa de
flores. Como os satélites que acompanham um rei, elas se haviam enfileirado à
sua direita e à sua esquerda. Se alguém passava por lá, as crianças faziam
parar à força e diziam-lhe:
- Vem e adora o rei, para que obtenhas uma
feliz viagem.
XLII. Simão, o Cananeu
Nisso chegaram alguns homens que
carregavam uma criança em uma liteira.
Esse menino havia ido até a montanha com
seus colegas para apanhar lenha e, tendo encontrado um ninho de perdiz, pôs a
mão para retirar os ovos. Uma serpente, escondida no ninho, no entanto,
mordeu-o e ele chamou os companheiros para socorrê-lo.
Quando chegaram, eles o encontraram
estendido no chão e quase morto. Alguns familiares vieram e levaram-no à
cidade. Ao chegaram ao local onde o Senhor Jesus estava sentado em seu trono
como um rei, com outras crianças à sua volta, como sua corte, essas foram ao encontro
dos que carregavam o moribundo e disseram-lhes:
- Vinde e saudai o rei!
Como eles não queriam aproximar-se por
causa da tristeza que sentiam, as crianças traziam-nas à força. Quando estavam
na frente do Senhor Jesus, ele perguntou-lhe por que estavam carregando aquela
criança.
Responderam que uma serpente a havia
mordido e o Senhor Jesus disse às crianças:
- Vamos juntos e matemos a serpente!
Os pais da criança que estava prestes a
morrer suplicaram para que os deixassem ficar, mas elas responderam:
- Não ouvistes que o rei disse vamos e
matemos a serpente? Devemos seguir suas ordens.
Apesar da sua oposição, eles retornaram à
montanha, carregando a liteira. Quando chegaram perto do ninho, o Senhor Jesus
disse às crianças:
- Não é aqui que se esconde a serpente?
Eles responderam que sim e a serpente,
chamada pelo Senhor Jesus, saiu e submeteu-se a ele.
O Senhor disse-lhe:
- Vai e suga todo o veneno que espalhaste
nas veias dessa criança.
A serpente, arrastando-se, sugou todo o
veneno que ela havia inoculado e o Senhor, em seguida, amaldiçoou-a e,
fulminada, morreu logo em seguida. Depois o Senhor Jesus tocou a criança com
sua mão e ela foi curada.
Como ela se pusesse a chorar, o Senhor
Jesus disse-lhe:
- Não chores, serás meu discípulo!
Essa criança foi Simão de Cananéia, de
quem se faz menção no Evangelho.
XLIII. Jesus e Tiago
Num outro dia, José havia mandado seu
filho Tiago para apanhar lenha e o Senhor Jesus se havia juntado a ele para
ajudá-lo. Quando chegaram ao lugar onde ficava a lenha, Tiago começou a
apanhá-la e eis que uma víbora mordeu-o e ele se pôs a gritar e a chorar. O
Senhor Jesus, vendo-o naquele estado, aproximou-se e soprou o local da mordida.
Tiago foi imediatamente curado.
XLIV. O Menino que Caiu e Morreu
Um dia, o Senhor Jesus estava brincando
com outras crianças em cima de um telhado e uma delas caiu e morreu na hora. As
outras fugiram e o Senhor Jesus ficou sozinho em cima do telhado. Então os pais
do morto chegaram e disseram ao Senhor Jesus: ` - Foste tu que empurraste nosso
filho do alto telhado.
Como ele negasse, eles repetiram mais
alto:
- Nosso filho morreu e eis aqui quem o
matou.
O Senhor Jesus respondeu:
- Não me acuseis de um crime do qual não
tendes nenhuma prova. Perguntemos, porém, à própria criança o que aconteceu.
O Senhor Jesus desceu, colocou-se perto da
cabeça do morto e disse-lhe em voz alta:
- Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou
do alto do telhado?
O morto respondeu:
- Senhor, não foste tu a causa da minha
queda, mas foi o terror que me fez cair.
O Senhor recomendou aos presentes que
prestassem atenção a essas palavras e todos eles louvaram a Deus por este
milagre.
XLV. O Cântaro Quebrado
Maria havia mandado, um dia, o Senhor
Jesus tirar água do poço. Quando ele havia cumprido a tarefa e colocava sobre a
cabeça o cântaro cheio, ele partiu-se. O Senhor Jesus, tendo estendido o seu
manto, levou para sua mãe a água recolhida e ela se admirou e guardou em seu
coração tudo o que havia visto.
XLVI. Brincando com o Barro
Um dia, o Senhor Jesus estava na beira do
rio com outras crianças. Haviam cavado pequenas valas para fazer escorrer a
água, formando assim pequenas poças. O Senhor Jesus havia feito doze
passarinhos de barro e os havia colocado ao redor da água, três de cada lado.
Era um dia de Sabbath e o filho de Hanon, o Judeu, veio e vendo-os assim
entretidos, disse-lhes:
- Como podeis, em um dia de Sabbath, fazer
figuras com lama?"
Ele se pôs, então, a destruir tudo. Quando
o Senhor Jesus estendeu as mãos sobre os pássaros que havia moldado, eles
saíram voando e cantando. Em seguida, o filho de Hanon, o Judeu, aproximou-se
da poça cavada por Jesus para destruí-la, mas a água desapareceu e o Senhor
Jesus disse-lhe:
- Vê como está água secou? Assim será a
tua vida.
E a criança secou.
XLVII. Uma Morte Repentina
Certa noite, o Senhor Jesus voltava para
casa com José, quando uma criança passou correndo na sua frente e deu-lhe um
golpe tão violente que o Senhor Jesus quase caiu. Ele disse a essa criança:
- Assim como tu me empurraste, cai e não
levantes mais.
No mesmo instante, a criança caiu no chão
e morreu.
XLVIII. Jesus e o Professor
Havia, em Jerusalém, um homem, chamado
Zaqueu, que instruía os jovens. Ele disse a José:
- José, por que não me envias Jesus para
que ele aprenda as letras?
José concordou e também Maria. Levaram,
pois, a criança para o professor e assim que ele o viu, escreveu o alfabeto e
pediu-lhe que pronunciasse Aleph. Quando ele o fez, pediu-lhe para dizer Beth.
O Senhor Jesus disse-lhe:
- Dize-me primeiro o que significa Aleph e
aí então eu pronunciarei Beth.
O professor preparava-se para chicoteá-lo,
mas o Senhor Jesus pôs-se a explicar o significado das letras Aleph e Beth,
quais as letras de linhas retas, quais as oblíquas, as que tinhas desenho
duplo, as que tinham pontos, aquelas que não tinham e porque tal letra vinha
antes da outra, enfim, ele disse muitas coisas que o professor jamais ouvira e
que não havia lido em livro algum.
O Senhor Jesus disse ao professor:
- Presta atenção ao que vou te dizer!
E pôs-se a recitar clara e distintamente
Aleph, Beth, Ghimel, Daleth, até o fim do alfabeto. O mestre ficou admirado e
disse:
- Creio que esta criança nasceu antes de
Noé.
Virando-se para José, acrescentou:
- Tu o conduziste para que eu o
instruísse, mas esta criança sabe mais que todos os doutores.
Depois disse a Maria:
- Teu filho não precisa de ensinamentos.
XLIX. O Professor Castigado
Conduziram-no, em seguida, a um professor
mais sábio e assim que o viu. ordenou:
- Dize Aleph!
Quando o Senhor Jesus disse Aleph, o
professor pediu-lhe que pronunciasse Beth. O Senhor Jesus respondeu-lhe:
- Dize-me o que significa a letra Aleph e
então eu pronunciarei Beth.
O mestre, irritado, levantou a mão para
bater nele, mas sua mão secou instantaneamente e ele morreu. Então José disse a
Maria:
- Daqui por diante, não devemos mais
deixar o menino sair de casa, pois qualquer um que se oponha a ele é fulminado
pela morte.
L. Jesus, o Mestre
Quando contava doze anos de idade, levaram
Jesus a Jerusalém por ocasião da festa e, quando ele terminou, eles voltaram,
mas o Senhor Jesus permaneceu no templo, em meio aos doutores, aos velhos e aos
mais sábios dos filhos de Israel, que ele interrogava sobre diferentes pontos
da ciência, mas também respondia-lhes as perguntas.
Jesus perguntou-lhes:
- De quem é filho o Messias?"
Eles responderam:
- Este é o filho de Davi.
Jesus respondeu:
- Por que então Davi, movido pelo Espírito
Santo, chama-o Senhor, quando diz que o Senhor disse ao meu Senhor: senta-te à
minha direita para que coloque teus inimigos aos teus pés'?"
Um importante rabino interrogou-o,
dizendo:
- Leste os livros sagrados?
O Senhor Jesus respondeu:
- Eu li os livros e o que eles contêm.
Dito isso, explicou-lhes as Escrituras, a
lei, os preceitos, os estatutos, os mistérios que estão contidos nos livros das
profecias e que a inteligência de nenhuma criatura pode compreender. E o
principal entre os doutores disse:
- Eu jamais vi ou ouvi tamanha instrução.
Quem credes que seja essa criança?
LI. Jesus e o Astrônomo
Havia lá um filósofo, astrônomo sábio, que
perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado a ciência dos astros. Jesus,
respondendo-lhe, expôs o número de esferas e de corpos celestes, sua natureza e
sua oposição, seu aspecto trinário, quaternário e sêxtil, sua progressão e seu
movimento de leste para oeste, o cômputo e o prognóstico e outras coisas que a
razão de nenhum homem escrutou.
LII. Jesus e o Médico
Havia entre eles um filósofo muito sábio
em medicina e ciências naturais e quando ele perguntou ao Senhor Jesus se ele
havia estudado a medicina, este expôs-lhe a física, a metafísica, a hiperfísica
e a hipofísica, as virtudes do corpo, os humores e seus efeitos, o número de
membros e de ossos, de secreções, de artérias e de nervos, as temperaturas,
calor e seco, frio e úmido e quais as suas influências, quais as atuações da
alma no corpo, suas sensações e suas virtudes, a faculdade da palavra, da
raiva, do desejo, sua composição e dissolução e outras coisas que a
inteligência de nenhuma criatura jamais alcançou. Então o filósofo ergueu-se e
adorou o Senhor Jesus, dizendo:
- Senhor, daqui em diante serei teu
discípulo e ter servo.
LIII. Jesus É Encontrado
Enquanto Jesus assim falava, Maria
apareceu, junto com José, pois fazia três dias que procuravam por Jesus.
Vendo-o sentado entre os doutores, interrogando-os e respondendo-lhe
alternadamente, ela lhe disse:
- Meu filho, por que agiste assim conosco?
Teu pai e eu te procuramos e tua ausência causou-nos muita aflição.
Ele respondeu:
- Por que me procuráveis? Não sabíeis que
convinha que eu permanecesse na casa de meu Pai? Eles não entendiam as palavras
que ele lhes dirigia. Então os doutores perguntaram a Maria se ele era seu
filho e tendo ela respondido que sim, eles exclamaram:
- Ó feliz Maria, que deste à luz tal
criança.
Ele voltou com os pais para Nazaré e ele
lhes era submisso em tudo. Sua mãe conservava todas as suas palavras em seu
coração e o Senhor Jesus crescia em tamanho, em sabedoria e em graça diante de
Deus e diante dos homens.
LIV. Via Oculta
Ele começou desde esse dia a esconder os
seus segredos e seus mistérios, até que completou trinta anos, quando seu Pai,
revelando publicamente sua missão às margens do Jordão, fez soar, do alto do
céu, essas palavras:
- É meu filho bem-amado no qual coloquei
toda minha complacência.
Foi quando o Espírito Santo apareceu sob a
forma de uma pomba branca.
LV. Doxologia
É a ele que humildemente adoramos, pois
ele nos deu a existência e a vida. Ele nos fez sair das entranhas de nossas
mães, tomou, por nós, o corpo de homem e nos redimiu, cobrindo-nos com sua
misericórdia eterna e concedendo-nos a graça do seu amor e de sua bondade.
A ele, portanto, glória, poder, louvores e
domínio por todos os séculos.
Que assim seja!
Fim
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