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Meu primeiro contato com este texto
ocorreu em 16/12/2009, às 10.39 hs!
ocorreu em 16/12/2009, às 10.39 hs!
Após o devido tempo [de instrução da obra],
o relacionei na pág. Apócrifos ao criar o Blog O Cerzidor [22/08/13],
o relacionei na pág. Apócrifos ao criar o Blog O Cerzidor [22/08/13],
e o publiquei por link a 17/04/2014, em En 104.10!
É o 14º de uma sequência de 18, dirigidos pelo Espírito Santo na Páscoa de 2014 ,
a partir da descrição dos 18 da Torre [ressurretos pela Graça - Lc 13 é parábola ;
ide e lede : por 3 vezes é citado 'dezoito', e refere-se à forma com que os justos
- digo : os que mantêm o testemunho de Cristo [Hb 11.37-40] -
são julgados e execrados pelo mundo, tido por 'enfermos / loucos'].
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EPÍSTOLA A DIOGNETO
Um pagão culto, desejoso de
conhecer melhor a nova religião que se espalhava pelas províncias do
império romano, impressionado
pela maneira como os cristãos desprezavam o mundo, a morte e os
deuses pagãos, pelo amor com
que se amavam, queria saber: que Deus era aquele em quem
confiavam e que gênero de
culto lhe prestavam; de onde vinha aquela raça nova e por que razões
aparecera na história tão
tarde. Foi para responder a estas e
outras questões de igual importância que nasceu esta jóia da literatura cristã primitiva, o escrito
que conhecemos como Epístola a Diogneto.
O texto se revela,
simultaneamente, como crítica do paganismo e do judaísmo e defesa da
superioridade do
cristianismo. Sobre este documento,
infelizmente, não se sabe muita coisa. Elementos importantes que ajudam a determinar e caracterizar uma
obra, tais como autor, data e local de composição, bem como o destinatário, ficam na
sombra. De qualquer maneira trata-se de um documento de primeira grandeza sobre a vida cristã primitiva
que merece ser colocado entre as obras mais brilhantes da literatura cristã. De acordo com os últimos
estudos o destinatário mais provável seria o imperador Adriano, que exercia a função de arconte
em Atenas desde 112 d.C.
Exódio
Excelentíssimo Diogneto,
1. Vejo que te interessas em
aprender a religião dos cristãos e que, muito sábia e cuidadosamente te
informaste sobre eles: Qual é
esse Deus no qual confiam e como o veneram, para que todos eles
desdenhem o mundo, desprezem
a morte, e não considerem os deuses que os gregos reconhecem, nem observem a crença dos judeus;
que tipo de amor é esse que eles têm uns para com os outros; e, finalmente, por que esta nova
estirpe ou gênero de vida apareceu agora e não antes. Aprovo este teu desejo e peço a Deus, o qual
preside tanto o nosso falar como o nosso ouvir, que me conceda dizer de tal modo que, ao escutar, te
tornes melhor; e assim, ao escutares, não se arrependa aquele que falou.
Refutação da idolatria
2. Comecemos. Purificado de
todos os preconceitos que se amontoam em sua mente; despojado do teu hábito enganador, e tornado,
pela raiz, homem novo; e estando para escutar, como confessas, uma doutrina nova, vê não somente
com os olhos, mas também com a inteligência, que substância e que forma possuem os que dizeis
que são deuses e assim os considerais; não é verdade que um é pedra, como a que pisamos; outro é
bronze, não melhor que aquele que serve para fazer os utensílios que usamos; outro é madeira que
já está podre; outro ainda é prata, que necessita de alguém que o guarde, para que não seja roubado;
outro é ferro, consumido pela ferrugem; outro de barro, não menos escolhido que aquele usado
para os serviços mais vis? Tudo isso não é de material corruptível? Não são lavrados com o ferro e o
fogo? Não foi o ferreiro que modelou um, o ourives outro e o oleiro outro? Não é verdade que
antes de serem moldados pelos artesãos na forma que agora têm, cada um deles poderia ser, como agora
transformado em outro? E se os mesmos artesãos trabalhassem os mesmos utensílios do mesmo
material que agora vemos, não poderiam transformar-se em deuses como esses? E, ao contrário,
esses que adorais, não poderiam transformar-se, por mãos de homens, em utensílios semelhantes aos
demais? Essas coisas todas não são surdas, cegas, inanimadas, insensíveis, imóveis? Não apodrecem todas
elas? Não são destrutíveis? A essas coisas chamais de deuses, as servis, as adorais, e
terminais sendo semelhante a elas. Depois, odiais os cristãos, porque estes não
os consideram deuses. Contudo,
vós que os julgais e imaginais deuses, não os desprezais mais do que eles? Por acaso não zombais
deles e os cobris ainda mais de injúrias, vós que venerais deuses de pedra e de barro, sem ninguém que
os guarde, enquanto fechais à chave, durante a noite, aqueles feitos de prata e de ouro, e de dia
colocais guardas para que não sejam roubados? Com as honras que acreditais tributar-lhes, se é que eles
têm sensibilidade, na verdade os castigais com elas; por outro lado, se são insensíveis, vós os
envergonhais com sacrifícios de sangue e gordura. Caso contrário, que alguém de vós prove essas coisas e
permita que elas lhe sejam feitas. Mas o homem, espontaneamente, não suportaria tal suplício,
porque tem sensibilidade e inteligência; a pedra, porém, suporta tudo, porque é insensível. Concluindo, eu
poderia dizer-te outras coisas sobre o motivo que os cristãos têm para não se submeterem a esses deuses.
Se o que eu disse parece insuficiente para alguém, creio que seja inútil
dizer mais alguma coisa.
Refutação do culto judaico
3. Por outro lado, creio que
desejais particularmente saber por que eles não adoram Deus à maneira
dos judeus. Os judeus têm
razão quando rejeitam a idolatria, de que falamos antes, e prestam culto a um só Deus, considerando-o
Senhor do universo.Contudo, erram quando lhe prestam um culto
semelhante ao dos pagãos.
Assim como os gregos demonstram idiotice, sacrificando a coisas
insensíveis e surdas, eles
também, pensando em oferecer coisas a Deus, como se ele tivesse
necessidade delas, realizam
algo que é parecido a loucura, e não um ato de culto. “Quem fez o céu e a terra, e tudo o que neles
existe”, e que provê todo aquilo de que necessitamos, não tem necessidade nenhuma desses bens.Ele
próprio fornece as coisas àqueles que acreditam oferece-las a ele. Aqueles que crêem oferecer-lhe
sacrifícios com sangue, gordura e holocaustos, e que o enaltecem com esses atos, não me parecem
diferentes daqueles que tributam reverência a ídolos surdos, que não podem participar do culto. Os
outros imaginam estar dando algo a quem de nada precisa.
O ritualismo judaico
4. Não creio que tenhas
necessidade de que eu te informe sobre o escrúpulo deles a respeito de certos alimentos, a sua superstição
sobre os sábados, seu orgulho da circuncisão, seu fingimento com jejuns e novilúnios, coisas todas
ridículas, que não merecem nenhuma consideração. Não será injusto aceitar algumas das coisas criadas
por Deus para uso dos homens como bem criadas e rejeitar outras como inúteis e supérfluas? Não é
sacrílego caluniar a Deus, imaginando que nos proíbe fazer algum bem em dia de sábado? Não é digno de
zombaria orgulhar-se da mutilação do corpo como sinal de eleição, acreditando, com isso ser
particularmente amados por Deus? E o fato de estar em perpétua vigilância diante dos astros e da lua,
para calcular os meses e os dias, e distribuir as disposições de Deus, e dividir as mudanças das
estações conforme seus próprios impulsos, umas para festa e outras para luto?
Quem consideraria isto prova
de insensatez e não de religião? Penso que agora tenhas entendido
suficientemente por que os
cristãos estão certos em se abster da vaidade e do engano, assim como das complicadas observâncias e
das vanglórias dos judeus. Não creias poder aprender do homem o
mistério de sua própria
religião.
Os mistérios cristãos
5. Os cristãos, de fato, não
se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por sua língua ou costumes. Com efeito, não
moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. Sua
doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e a especulação de homens curiosos, nem
professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo contrário, vivendo em casa gregas e bárbaras,
conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao
resto, testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal.
Vivem na sua pátria, mas como
forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros.Toda pátria
estrangeira é pátria deles, a cada pátria é estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não
abandonam os recém-nascidos. Põe a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem
segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem as leis estabelecidas, as com
sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar
disso, condenados; são mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e enriquecem a muitos;
carecem de tudo e tem abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, tornam-se
glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e
honram; fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se
recebessem a vida. Pelos judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, a
aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio.
A alma do mundo
6. Em poucas palavras, assim
como a alma está no corpo, assim estão os cristãos no mundo. A alma está espalhada por todas as
partes do corpo, e os cristãos estão em todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não
procede do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo. A alma invisível está contida
num corpo visível; os cristãos são vistos no mundo, mas sua religião é invisível. A carne odeia e
combate a alma, embora não tenha recebido nenhuma ofensa dela, porque esta a impede de gozar dos
prazeres; embora não tenha recebido injustiça dos cristãos, o mundo os odeia, porque estes se opõem
aos prazeres. A alma ama a carne e os membros que a odeiam; também os cristãos amam aqueles que
os odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; também os cristãos
estão no mundo como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo. A alma imortal habita em uma
tenda mortal; também os cristãos habitam como estrangeiros em moradas que se corrompem, esperando a
incorruptibilidade nos céus. Maltratada em comidas e bebidas, a alma torna-se melhor; também os
cristãos, maltratados, a cada dia mais se multiplicam. Tal é o posto que Deus lhes determinou, e não
lhes é lícito dele desertar.
Origem divina do cristianismo
7. De fato, como já disse,
não é uma invenção humana que lhes foi transmitida, nem julgam digno
observar com tanto cuidado um
pensamento mortal, nem se lhes confiou a administração de mistérios humanos. Ao contrario, aquele
que é verdadeiramente senhor e criador de tudo, o Deus invisível, ele próprio fez descer do céu,
para o meio dos homens, a verdade, a palavra santa e incompreensível, e a colocou em seus corações. Fez
isso, não m,andando para os homens, como alguém poderia imaginar, algum dos seus servos, ou um
anjo, ou algum príncipe daqueles que governam as coisas terrestres, ou algum dos que são
encarregados das administrações dos céus, mas o próprio artífice e criador do universo; aquele por meio do
qual ele criou os céus e através do qual encerrou o mar em seus limites; aquele cujo mistério todos os
elementos guardam fielmente; aquele de cuja mão o sol recebeu as medidas que deve observar em
seu curso cotidiano; aquele a quem a lua obedece, quando lhe manda luzir durante a noite; aquele
a quem obedecem as estrelas que formam o séqüito da lua em seu percurso; aquele que, finalmente,
por meio do qual todo foi ordenado, delimitado e disposto: os céus e as coisas que existem nos
céus, a terra e as coisas que existem na terra, o mar e as coisas que existem no mar, o fogo, o ar, o
abismo, aquilo que está no alto, o que está no profundo e o que está no meio.
Foi esse que Deus enviou.
Talvez, como alguém poderia pensar, será que o enviou para que existisse uma tirania ou para
infundir-nos medo e prostração? De modo algum. Ao contrário, enviou-o com clemência e mansidão, como um
rei que envia seu filho. Deus o enviou, e o enviou como homem para os homens; enviou-o para nos
salvar, para persuadir, e não para violentar, pois em Deus não há violência. Enviou-o para
chamar, e não para castigar; enviou-o, finalmente, para amar, e não para julgar. Ele o enviará para
julgar, e quem poderá suportar sua presença? Não vês como os cristãos são jogados às feras, para que
reneguem o Senhor, e não se deixam vencer? Não vês como quanto mais são castigados com a morte,
tanto mais outros se multiplicam? Isso não parece obra humana. Isso pertence ao poder de Deus e
prova a sua presença.
A Encarnação
8. Quem de todos os homens
sabia o que é Deus, antes que ele próprio viesse? Quererás aceitar os
discursos vazios e estúpidos
dos filósofos, que por certo são dignos de toda fé? Alguns afirmam que
Deus é o fogo -para onde irão
estes, chamando-o de deus? -Outros diziam que é água. Outros ainda
que é dos elementos criados
por Deus. Não há dúvida de que se alguma dessas afirmações é aceitável, poderíamos também afirmar que
cada uma de todas as criaturas igualmente manifesta Deus. Mas todas essas coisas são
charlatanices e invenções de charlatães. Nenhum homem viu, nem conheceu a Deus, mas ele próprio se
revelou a nós. Revelou-se mediante a fé, unicamente pala qual é concedido ver a Deus. Deus, Senhor e
criador do universo, que fez todas as coisas e as estabeleceu em ordem, não só se mostrou amigo dos
homens, mas também paciente. Ele sempre foi assim, continua sendo, e o será: clemente, bom, manso
e verdadeiro. Somente ele é bom. Tendo concebido grande e inefável projeto, ele o comunicou
somente ao Filho. Enquanto o mantinha no mistério e guardava sua sábia vontade, parecia que não
cuidava de nós, não pensava em nós. Todavia, quando, por meio de seu Filho amado, revelou e
manifesto o que tinha estabelecido desde o princípio, concedeu-nos junto todas as coisas: não só participar
de seu benefícios, mas ver e compreender coisas que nenhum de nós teria jamais esperado.
A economia divina
9. Quando Deus dispôs todo em
si mesmo juntamente com seu Filho, no tempo passado, ele permitiu que nós, conforme a nossa
vontade, nos deixássemos arrastar por nossos impulsos desordenados, levados por prazeres e
concupiscências. Ele não se comprazia com os nossos pecados, mas também os suportava. Também não
aprovava aquele tempo de injustiça, mas preparava o tempo atual de justiça, para que nos convencêssemos
de que naquele tempo, por causa de nossas obras, éramos indignos da vida, e agora, só pela
bondade de Deus, somos dignos dela. Também para que ficasse claro que por nossas forças era impossível
entrar no Reino de Deus, e que somente pelo seu poder nos tornamos capazes disso. Quando a nossa
injustiça chegou ao máximo e ficou claro que a única retribuição que poderiam esperar era castigo
e morte, chegou o tempo que Deus estabelecera para manifestar a sua bondade e o seu poder. Oh
imensa bondade e amor de Deus! Ele não nos odiou, não nos rejeitou, nem guardou ressentimento contra
nós. Pelo contrário, mostrou-se paciente e nos suportou.
Com, misericórdia tomou para si os nossos pecados e enviou o seu Filho para nos resgatar: o santo pelos ímpios, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais. De fato, que outra coisa poderia cobrir nossos pecados, senão a sua justiça? Por meio de quem poderíamos ter sido justificados nós, injustos e ímpios, a não ser unicamente pelo Filho de Deus? Oh doce troca, oh obra insondável, oh inesperados benefícios! A injustiça de muito é reparada por um só justo, e a justiça de um só torna justos muitos outros. Ele antes nos convenceu da impotência da nossa natureza para ter a vida; agora mostra-nos o salvador capaz de salvar até mesmo o impossível Com essas duas coisas, ele quis que confiássemos na sua bondade e considerássemos nosso sustentador, pai, mestre, conselheiro, médico, inteligência, luz, homem, glória, força, vida, sem preocupações com a roupa e o alimento.
Com, misericórdia tomou para si os nossos pecados e enviou o seu Filho para nos resgatar: o santo pelos ímpios, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais. De fato, que outra coisa poderia cobrir nossos pecados, senão a sua justiça? Por meio de quem poderíamos ter sido justificados nós, injustos e ímpios, a não ser unicamente pelo Filho de Deus? Oh doce troca, oh obra insondável, oh inesperados benefícios! A injustiça de muito é reparada por um só justo, e a justiça de um só torna justos muitos outros. Ele antes nos convenceu da impotência da nossa natureza para ter a vida; agora mostra-nos o salvador capaz de salvar até mesmo o impossível Com essas duas coisas, ele quis que confiássemos na sua bondade e considerássemos nosso sustentador, pai, mestre, conselheiro, médico, inteligência, luz, homem, glória, força, vida, sem preocupações com a roupa e o alimento.
A essência da nova religião
10. Se também desejas
alcançar esta fé, primeiro deves obter o conhecimento do Pai. Deus, com
efeito, amou os homens. Para
eles criou o mundo e a eles submeteu todas as coisas que estão sobre a terra. Deu-lhes a palavra e a
razão, e só a eles permitiu contemplá-lo. Formou-os à sua imagem,
enviou-lhes o seu Filho
unigênito, anunciou-lhes o reino do céu, e o dará àqueles que o tiverem
amado. Depois de conhece-lo,
tens idéia da alegria com que será preenchido? Como não amarás
aquele que tanto te amou?
Amando-o, tu te tornarás imitador da sua bondade. Não te maravilhes de
que um homem possa se tornar
imitador de Deus. Se Deus quiser, o homem poderá. A felicidade não está em oprimir o próximo, ou
em querer estar pro cima dos mais fracos, ou enriquecer-se e praticar violência contra os
inferiores. Deste modo, ninguém pode imitar a Deus, pois tudo isto está longe
de sua grandeza.
Todavia, quem toma para si o peso do próximo, e naquilo que é superior procura beneficiar o inferior; aquele que dá aos necessitados o que recebeu de Deus, é como Deus para os que
Todavia, quem toma para si o peso do próximo, e naquilo que é superior procura beneficiar o inferior; aquele que dá aos necessitados o que recebeu de Deus, é como Deus para os que
receberam de sua mão, é
imitador de Deus. Então, ainda estando na terra, contemplarás porque Deus reina nos céus. Aí começarás
a falar dos mistérios de Deus, amarás e admirarás os que são castigados por não querer negar a Deus.
Condenarás o erro e o engano do mundo, quando realmente conheceres a vida no céu, quando
desprezares esta vida que aqui parece morte, e temeres a morte verdadeira, reservada àqueles que estão
condenados ao fogo eterno, que atormentarás até o fim aqueles que lhe forem entregues. Se
conheceres este fogo, ficarás admirado, e chamarás de felizes aqueles que, com justiça, suportaram o fogo
passageiro.
O discípulo do Verbo
11. Não falo de coisas
estranhas, nem busco coisas absurdas. Discípulo dos apóstolos, torno-me agora mestre das nações e transmito
o que me foi entregue para aqueles que se tornaram discípulos dignos da verdade. De fato quem foi
retamente instruído e gerado pelo Verbo amável, não procura aprender com clareza o que o mesmo
Verbo claramente mostrou aos seus discípulos? O Verbo apareceu para eles, manifestando-se e
falando livremente. Os incrédulos não o compreenderam, mas ele guiou os discípulos que julgou fiéis,
e estes conheceram os mistérios do Pai. Deu enviou o Verbo como graça, para que se manifestasse ao
mundo. Desprezado pelo povo, foi anunciado pelos apóstolos a acreditado pelos pagãos. Desde o princípio
e apareceu como novo e era antigo, a agora sempre se torna novo nos corações dos fiéis. Ele é
desde sempre, e hoje é reconhecido como Filho. Por meio dele, a Igreja se enriquece e a graça se
multiplica, difundindo-se nos fiéis. Essa graça inspira a sabedoria, desvela os mistérios e anuncia os
tempos, alegra-se nos fiéis, entrega-se aos que a buscam, sem infringir as
regras da fé nem ultrapassar os
limites dos Padres. Celebra-se então o temor da lei, reconhecesse a graça dos profetas, conserva-se a fé
dos evangelhos, guarda-se a tradição dos apóstolos e a graça da Igreja exulta. Não contristando essa
graça, saberás o que o Verbo diz por meio dos que ele quer e quando quer. Com efeito, quantas
coisas fomos levados a vos explicar com zelo pala vontade do Verbo que no-las inspira! Nós vos
comunicamos por amor essas mesmas coisas que nos foram reveladas.
A verdadeira ciência
12. Atendendo e ouvindo com
cuidado, conhecereis que coisas Deus prepara para os que o amam com lealdade. Transformam-se em
paraíso de delícias, produzindo em si mesmos uma arvora fértil e frondosa, ornados com toda a
variedade de frutos. Com efeito, neste lugar foi plantada a árvore da ciência e a arvora da vida;
não é a arvora da ciência que mata, e sim a desobediência. Não é sem
sentido que está escrito: No
princípio Deus plantou a arvora da ciência da vida no meio do paraíso,
indicando assim a vida por
meio da ciência. Contudo, por não tê-la usado de maneira pura, os
primeiros homens ficaram nus
por causa da sedução da serpente. De fato, não há vida sem ciência,
nem ciência segura sem
verdadeira vida, e por isso as duas árvores foram plantadas uma perto da
outra. Compreendendo essa
força e lastimando a ciência que se exercita sobre a vida sem a norma da verdade, o Apóstolo diz: “A
ciência incha; o amor, porém, edifica.” De fato, quem pensa que sabe alguma coisa sem a verdadeira
ciência, testemunhada pela vida, não sabe nada: é enganado pala serpente, não tendo amado a
vida. Aquele, porém, que sabe com temor e procura a vida, planta na esperança, esperando o fruto.
Que a ciência seja coração para ti; a vida seja o Verbo verdadeiramente compreendido. Levando a
arvora dele e produzindo fruto, sempre colherás o que é agradável diante de Deus, o que a serpente não
toca, nem se mistura em engano; nem Eva é corrompida, mas reconhecida como virgem. A salvação é
mostrada, os apóstolos são compreendidos, a Páscoa do Senhor se adianta, os círios se reúnem,
harmoniza-se com o mundo e, instruindo os santos, o Verbo se alegra, pelo qual
o Pai é glorificado. A ele, a
glória pelos séculos. Amém.
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